AGRONEGÓCIO VERSUS AGRICULTURA FAMILIAR
O Brasil colocou uma discussão
ideológica conflituosa e criada em diversos setores, entre a agricultura
familiar e o agronegócio, quando se afirmou que a agricultura de pequeno porte
estaria fadada ao insucesso e certamente ao desaparecimento decorrente da
concorrência desigual com os grandes empreendedores. Parece-me que,
equivocadamente ocorre uma interpretação conceitual errada a respeito da
definição de Agronegócio, pois segundo Davis e Goldberg (1957) pela Universidade
de Harvard o mesmo se define como: a soma total das operações de produção e
distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades
agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos
agrícolas e itens produzidos a partir deles.
Percebe-se que, em nenhum momento
existem diferenças entre empresas pequenas de grandes, agricultores familiares
de empresariais, demonstrando assim a falta de precisão nas críticas. Assim
posto, para estar no Agronegócio o produtor, seja ele pequeno, médio ou grande,
basta colocar sua produção de maneira competitiva, nos canais de distribuição,
alcançando, por conseguinte o consumidor final.
Verdade que o grande desafio posto à
agricultura familiar está na necessidade de agregar valor aos seus produtos, no
entanto existe uma barreira que é a baixa capacidade financeira ou até mesmo
escassez financeira e até mesmo um péssimo marketing.
O Estado tem demonstrado uma
enorme tentativa de viabilização da agricultura familiar através de programas
governamentais, mas sem muito sucesso, e isso se deve principalmente ao
assistencialismo enraizado na cultura política brasileira.
Segundo Neves (2010), defender os
investimentos estatais para grandes explorações através da monocultura
concentradora pressupõe deixar de lado a importância da manutenção das pessoas
no campo com vida digna e renda. Claro que, a lógica de eficiência econômica e
especialização sempre desafiarão esse desejo, mas, seguramente, é possível não
desistir de pensar em modelos novos de negócios que tratem de todos esses
anseios da sociedade. Deve-se sim, buscar os produtores além de produzirem para
subsistência, devem ter seus produtos, industrializados ou embalados,
distribuídos e alcancem o consumidor de uma maneira competitiva em qualquer
mercado que se apresente viável.
O mais interessante de tudo é que
não devemos abordar apenas produtos, mas sistemas de produção ambientalmente
corretos, onde o foco não deve ser apenas o meio ambiente, e sim um mais
abrangente, mais subjetivo e mais complicado, do qual o meio ambiente
seguramente faz parte, é a sustentabilidade. Assim o modo de produção deverá
antes de qualquer coisa ser sustentável.
Zilton Alves de Souza Filho
Engenheiro Agrônomo
Msc. em Zoologia Aplicada
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