A seca tem sido vista geralmente
como enfrentamento da falta de água e comida, que são os elementos fundamentais
à sobrevivência dos animais. Isto se confirmou na recente assinatura de
convênio entre o Ministério da Integração e o Governo do Estado da Bahia, No
valor de 10 milhões de reais, destinados a água e cestas básicas, o que nos
parece vergonhoso, uma vez que esse recurso não resolve, não ameniza e muito
menos dignifica o ser humano que vive na região do semiárido.
Há vários anos a situação
climática não tem esboçado tanta agressividade a respeito de um longo período
com estiagem, quanto o atual. Mais precisamente há nove anos, quando à época
diversos criadores deslocaram-se para regiões que a seca não assolava
drasticamente. Naquele período o Estado do Maranhão recebeu inúmeros rebanhos,
principalmente bovinos e ovinos oriundos da Bahia. E pasmem! Uma pequena cidade
baiana chamada de Ourolândia também foi outro local de invernada para rebanhos
fugitivos da seca de 1993.
Atualmente vemos todas as propriedades
rurais situadas no Nordeste Brasileiro e mais especificamente nos Estados de
Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas e agora o Ceará muito dependentes, onde
quatro milhões de pessoas foram consideradas atingidas pela seca.
Claro
que, alguns poderão estar pensando nesse instante, "E nós não já sabiamos
que isso iria acontecer?", respondo que sim, mas também não poderemos e
não deveremos furtarmos da obrigação como Cidadãos de promovermos o debate para
buscarmos soluções no agora, no médio e no longo prazo para essa situação.
E,
precisamos sim discutir a atualidade climática, até pelo fato de estarmos sendo
propositivos nos aspectos que englobam a cadeia de caprinos e ovinos.
Entendo que as entidades ligadas ou não ao segmento da caprinovinocultura devem aprofundar o debate em questão, elevando, ampliando e aprofundando o nível de discussão do problema da seca, construindo assim uma agenda de intervenções incluindo as Secretarias de Agricultura Estaduais, Secretarias Estaduais de Integração Regional, o Ministério da Integração, Ministério de Desenvolvimento Agrário, Ministério de Desenvolvimento Social e as Entidades ligadas à Caprinovinocultura.
Entendo que as entidades ligadas ou não ao segmento da caprinovinocultura devem aprofundar o debate em questão, elevando, ampliando e aprofundando o nível de discussão do problema da seca, construindo assim uma agenda de intervenções incluindo as Secretarias de Agricultura Estaduais, Secretarias Estaduais de Integração Regional, o Ministério da Integração, Ministério de Desenvolvimento Agrário, Ministério de Desenvolvimento Social e as Entidades ligadas à Caprinovinocultura.
Ao refletir sobre o uso da água
no Semiárido, é preciso confessar que ainda sou otimista quanto às transformações
que devem acontecer em nossa região. Apesar de constatar que as mudanças feitas
pelo atual governo não trazem boas perspectivas.
A água no Semiárido não pode ser
menos essencial. As ações de saneamento atropelam os problemas da falta d'água.
As adutoras paradas, os projetos
abandonados, as barragens esquecidas. Chegou a seca, devorando as plantações e
aumentando a falta d'água. Os governos, federal e estadual são indiferentes.
Nem irrigação, nem adutoras, nem barragens, nem barreiros, nem barragens subterrâneas,
nem poços amazonas.
No início deste mês de março/2012,
o jornal Valor Econômico anunciou o lançamento de um programa do governo do Rio
Grande de Sul para triplicar a área irrigada no Estado até 2014 em decorrência
da seca ocorrida naquele Estado. Essa notícia me fez comparar outra vez o
tratamento desigual que é dado à nossa região.
Em Pernambuco, há um modelo
contraditório. Aqui, dez anos parados na irrigação; parados até os projetos em
fase de conclusão – exemplo, o projeto Pontal no Sertão (Petrolina). Na Bahia o
Salitre ainda capenga na primeira das cinco etapas previstas. Os Salitreiros
(Gente nascida e que vive na região), por exemplo, clamam ao Governo por
oportunidade de explorar as terras irrigáveis que originariamente são ou foram
suas em um passado recente e que por um equívoco na elaboração de um Edital de
licitação para exploração dos lotes irrigados do Projeto de Irrigação do
Salitre ficaram praticamente excluídos da possibilidade de adquirirem um lote
irrigado, e o que é mais triste para eles: ver o Rio Salitre praticamente seco.
Pode-se ainda falar no Projeto de Irrigação Baixio de Irecê que não saiu do
papel ainda.
Agora no Rio Grande do Sul, uma
seca reclama mais 300 mil hectares irrigados para um estado já servido por um
milhão e duzentos mil hectares. Somente para entender melhor a magnitude do
problema o Estado do Pernambuco tem 70% de semiárido, a Bahia com 57% e todos
os dois Estados com um modelo econômico que ignora a irrigação.
O Nordeste Brasileiro vive
secularmente de seca. O melhor antídoto para a seca é a irrigação e
intervenções produtivas e de caráter permanente de convivência com a mesma.
Por que há dez anos a irrigação
foi paralisada?
Por que os que estão no poder
condenam a irrigação?
Há algum tempo, já se comentava
que o País seria no intervalo de 20 a 30 anos uma potência agrícola e
tecnológica. Tal anúncio se relaciona com a informação de que o conjunto da
agricultura brasileira ocupa cerca de 25%, apenas, de um total das terras que
podem ser exploradas para a produção. Notório que para se chegar a ser uma
grande potência mundial, economicamente sólida e culturalmente forte,
precisamos fazer muito mais e com certeza absoluta muito melhor.
Continuo a sonhar com um Brasil
mais equânime, que precisa de justiça e melhor distribuição de renda.