segunda-feira, 7 de maio de 2012

A POTÊNCIA BRASIL NA SECA!









A seca tem sido vista geralmente como enfrentamento da falta de água e comida, que são os elementos fundamentais à sobrevivência dos animais. Isto se confirmou na recente assinatura de convênio entre o Ministério da Integração e o Governo do Estado da Bahia, No valor de 10 milhões de reais, destinados a água e cestas básicas, o que nos parece vergonhoso, uma vez que esse recurso não resolve, não ameniza e muito menos dignifica o ser humano que vive na região do semiárido.
Há vários anos a situação climática não tem esboçado tanta agressividade a respeito de um longo período com estiagem, quanto o atual. Mais precisamente há nove anos, quando à época diversos criadores deslocaram-se para regiões que a seca não assolava drasticamente. Naquele período o Estado do Maranhão recebeu inúmeros rebanhos, principalmente bovinos e ovinos oriundos da Bahia. E pasmem! Uma pequena cidade baiana chamada de Ourolândia também foi outro local de invernada para rebanhos fugitivos da seca de 1993.
Atualmente vemos todas as propriedades rurais situadas no Nordeste Brasileiro e mais especificamente nos Estados de Pernambuco, Bahia, Sergipe, Alagoas e agora o Ceará muito dependentes, onde quatro milhões de pessoas foram consideradas atingidas pela seca.
Claro que, alguns poderão estar pensando nesse instante, "E nós não já sabiamos que isso iria acontecer?", respondo que sim, mas também não poderemos e não deveremos furtarmos da obrigação como Cidadãos de promovermos o debate para buscarmos soluções no agora, no médio e no longo prazo para essa situação.

E, precisamos sim discutir a atualidade climática, até pelo fato de estarmos sendo propositivos nos aspectos que englobam a cadeia de caprinos e ovinos.

Entendo que as entidades ligadas ou não ao segmento da caprinovinocultura devem
aprofundar o debate em questão, elevando, ampliando e aprofundando o nível de discussão do problema da seca, construindo assim uma agenda de intervenções incluindo as Secretarias de Agricultura Estaduais, Secretarias Estaduais de Integração Regional, o Ministério da Integração, Ministério de Desenvolvimento Agrário, Ministério de Desenvolvimento Social e as Entidades ligadas à Caprinovinocultura.

Ao refletir sobre o uso da água no Semiárido, é preciso confessar que ainda sou otimista quanto às transformações que devem acontecer em nossa região. Apesar de constatar que as mudanças feitas pelo atual governo não trazem boas perspectivas.
A água no Semiárido não pode ser menos essencial. As ações de saneamento atropelam os problemas da falta d'água.
As adutoras paradas, os projetos abandonados, as barragens esquecidas. Chegou a seca, devorando as plantações e aumentando a falta d'água. Os governos, federal e estadual são indiferentes. Nem irrigação, nem adutoras, nem barragens, nem barreiros, nem barragens subterrâneas, nem poços amazonas.
No início deste mês de março/2012, o jornal Valor Econômico anunciou o lançamento de um programa do governo do Rio Grande de Sul para triplicar a área irrigada no Estado até 2014 em decorrência da seca ocorrida naquele Estado. Essa notícia me fez comparar outra vez o tratamento desigual que é dado à nossa região.
Em Pernambuco, há um modelo contraditório. Aqui, dez anos parados na irrigação; parados até os projetos em fase de conclusão – exemplo, o projeto Pontal no Sertão (Petrolina). Na Bahia o Salitre ainda capenga na primeira das cinco etapas previstas. Os Salitreiros (Gente nascida e que vive na região), por exemplo, clamam ao Governo por oportunidade de explorar as terras irrigáveis que originariamente são ou foram suas em um passado recente e que por um equívoco na elaboração de um Edital de licitação para exploração dos lotes irrigados do Projeto de Irrigação do Salitre ficaram praticamente excluídos da possibilidade de adquirirem um lote irrigado, e o que é mais triste para eles: ver o Rio Salitre praticamente seco. Pode-se ainda falar no Projeto de Irrigação Baixio de Irecê que não saiu do papel ainda.
Agora no Rio Grande do Sul, uma seca reclama mais 300 mil hectares irrigados para um estado já servido por um milhão e duzentos mil hectares. Somente para entender melhor a magnitude do problema o Estado do Pernambuco tem 70% de semiárido, a Bahia com 57% e todos os dois Estados com um modelo econômico que ignora a irrigação.
O Nordeste Brasileiro vive secularmente de seca. O melhor antídoto para a seca é a irrigação e intervenções produtivas e de caráter permanente de convivência com a mesma.
Por que há dez anos a irrigação foi paralisada?
Por que os que estão no poder condenam a irrigação?
Há algum tempo, já se comentava que o País seria no intervalo de 20 a 30 anos uma potência agrícola e tecnológica. Tal anúncio se relaciona com a informação de que o conjunto da agricultura brasileira ocupa cerca de 25%, apenas, de um total das terras que podem ser exploradas para a produção. Notório que para se chegar a ser uma grande potência mundial, economicamente sólida e culturalmente forte, precisamos fazer muito mais e com certeza absoluta muito melhor.
Continuo a sonhar com um Brasil mais equânime, que precisa de justiça e melhor distribuição de renda.

A VIDA RURAL COMO ELA É








O MEIO RURAL COMO ELE É
Zilton Alves de Souza Filho
Engenheiro Agrônomo
Msc em Zoologia

Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, entre os anos 1990 e 2002 os nossos produtores agrícolas se descapitalizaram em 44,4%, e na atual década estima-se algo em torno de 50%. Esses números com certeza demonstram a dificuldade dos métodos convencionais de produção agropecuária em produzirem resultados positivos financeiramente aos produtores. Isso se deve principalmente, porque, enquanto os preços dos produtos agrícolas e pecuários se mantém estáveis ou em decréscimo, os preços dos produtos industrializados sobem constantemente. Essa vertente está levando a nossa produção agrícola – tanto vegetal, como animal – a uma situação cada vez mais crítica e, muitas das vezes, insustentável.
Nós precisamos contestar a conduta convencional, oferecendo, por conseguinte novos rumos na produção agrícola. E, são vários os aspectos inovadores, onde se pode destacar: a verdadeira conduta agroecológica, que certamente resultará na produção orgânica.
Sabidamente, os erros cometidos, na maioria dos casos de forma propositada, pelos dirigentes do Brasil, que levaram à dependência, à dilapidação dos recursos naturais, à contaminação dos mananciais hídricos, ao envenenamento dos alimentos, ao empobrecimento do homem no campo, ao inchamento das cidades, ao êxodo rural e às problemáticas conseqüências de abastecimento de água, energia elétrica, alimento, transporte e segurança.
Talvez esse seja o momento ideal para discutirmos uma mudança de paradigma na exploração da atividade agropecuária nacional, e mais especificamente no semiárido, que atualmente vive a problemática da seca, a qual se configura na pior dos últimos 40 (quarenta) anos, voltando-se para implementação de Políticas Públicas de natureza estruturante, regionalizadas e acima de tudo de promoção do desenvolvimento territorial participativo.